OCUPAÇÃO POÉTICA — TEATRO CÂNDIDO MENDES (3ª EDIÇÃO) — VÍDEOS: MARIA PADILHA, TONICO PEREIRA, LUANA VIEIRA & GERALDO CARNEIRO — ENCERRAMENTO
8 de abril de 2016

Ocupação Poética_3ª edição 21

(Maria Padilha)

Ocupação Poética_3ª edição 22

(Luana Vieira & Tonico Pereira)

Ocupação Poética_3ª edição 12

(Tonico Pereira)

Ocupação Poética_3ª edição 27

(Geraldo Carneiro)

Ocupação Poética_3ª edição 04

(Com Maria Padilha & Tonico Pereira)

Ocupação Poética_3ª edição 08

(Com Luana Vieira)

Ocupação Poética_3ª edição 05

Ocupação Poética_3ª edição 06

(Com Geraldo Carneiro)

Ocupação Poética_3ª edição 25

Ocupação Poética_3ª edição 03

(Os participantes desta 3ª edição do projeto: Vitor Thiré, Luiza Maldonado, Danilo Caymmi, Paulo Sabino, Geraldo Carneiro, Camilla Amado, Maria Padilha, Alice Caymmi, Luana Vieira, Bruce Gomlevsky & Tonico Pereira)
______________________________________________________

A quem possa interessar, os 5 últimos vídeos da 3ª edição do projeto “Ocupação Poética”, ocorrido no dia 24 de fevereiro (quarta-feira), no teatro Cândido Mendes (Ipanema – RJ), com a participação de um elenco estelar: Geraldo Carneiro, Bruce Gomlevsky, Tonico Pereira, Vitor Thiré, Maria Padilha, Camilla Amado, Luiza Maldonado, Luana Vieira, Danilo Caymmi & Alice Caymmi.

Nos vídeos desta publicação, poemas & traduções do grande homenageado da noite, o sofisticado poeta & dramaturgo, além de querido amigo, Geraldo Carneiro. Nos 3 primeiros vídeos, a atriz Maria Padilha recita 3 sonetos do poeta & dramaturgo inglês William Shakespeare, na tradução do Geraldo Carneiro: o “Soneto 76”, o “Soneto 138” & o “Soneto 116”. O último vídeo da atriz, recitando o “Soneto 116”, infelizmente, inicia com um corte na leitura do primeiro verso. O poema, na íntegra, encontra-se logo abaixo do vídeo, à leitura & sua total apreensão. No quarto vídeo, o ator Tonico Pereira & a atriz Luana Vieira, sob a direção de cena do ator & diretor Bruce Gomlevsky, interpretam o poema épico “Fabulosa jornada ao Rio de Janeiro”, recém-lançado na recém-lançada antologia poética — “Subúrbios da galáxia” — que comemora os quarenta anos de produção literária do grande homenageado da noite, Geraldo Carneiro, poema que narra, de maneira divertida & ao mesmo tempo crítica, a história da formação desta cidade de onde sou natural, São Sebastião do Rio de Janeiro. No quinto & último vídeo desta postagem, encerrando esta edição do projeto, o próprio Geraldo recita um poema do escritor baiano João Ubaldo Ribeiro, originalmente escrito em inglês & traduzido para o português pelo Geraldo Carneiro.

Espero que vocês tenham se divertido com o projeto tanto quanto nós, participantes, nos divertimos realizando.

Mais uma vez, o meu muito obrigado a todos os espectadores & participantes!

Agora, espero os senhores na quarta edição do projeto “Ocupação Poética”, no teatro Cândido Mendes (Ipanema), que está chegando (já temos a data definida, o homenageado & diversos participantes confirmados)! Mais à frente, maiores informações sobre a nova edição!

Até já!

Beijo todos!
Paulo Sabino.
______________________________________________________

(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [3ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 24/02/2016. Maria Padilha recita o Soneto 76, do poeta & dramaturgo inglês William Shakespeare, tradução de Geraldo Carneiro.)

 

SONETO 76  (William Shakespeare / Tradução: Geraldo Carneiro)

 

Por que meu verso é sempre tão carente
De mutações e variação de temas?
Por que não olho as coisas do presente
Atrás de outras receitas e sistemas?
Por que só escrevo essa monotonia,
Tão incapaz de produzir inventos
Que cada verso quase denuncia
Meu nome e seu lugar de nascimento?
Pois saiba, amor, só escrevo a seu respeito
E sobre o amor, são meus únicos temas,
E assim vou refazendo o que foi feito
Reinventando as palavras do poema.
………….Como o sol, novo e velho a cada dia,
………….O meu amor rediz o que dizia.
______________________________________________________

(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [3ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 24/02/2016. Maria Padilha recita o Soneto 138, do poeta & dramaturgo inglês William Shakespeare, tradução de Geraldo Carneiro.)

 

SONETO 138  (William Shakespeare / Tradução: Geraldo Carneiro)

 

Se minha bem amada diz que jura,
Eu creio, embora saiba que ela mente:
Que ela não me suponha sem cultura
Nas falsas sutilezas dessa gente.
Finjo que ela me considera moço,
Embora ela me saiba já passado.
À falsa lábia dela dou meu endosso:
Suprimo a realidade dos dois lados.
Mas por que ela não diz que é insincera?
Por que eu não digo que sou veterano?
O amor é sábio se parece à vera
E tem horror que alguém lhe conte os anos.
………….Mentimos um ao outro e assim confio
………….Nas mentiras de nossos elogios.
______________________________________________________

(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [3ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 24/02/2016. Maria Padilha recita o Soneto 116, do poeta & dramaturgo inglês William Shakespeare, tradução de Geraldo Carneiro.)

 

SONETO 116  (William Shakespeare / Tradução: Geraldo Carneiro)

 

Não tenha eu restrições ao casamento
De almas sinceras, pois não é amor
O amor que muda ao sabor do momento
Ou se move e remove em desamor.
Oh, não: o amor é marca mais constante,
Que encara a tempestade e não balança,
É a estrela-guia dos batéis errantes,
Cujo valor lá no alto não se alcança.
O amor não é o bufão do tempo, embora
Sua foice desfigure o lábio e a face.
O amor não muda com o passar das horas,
Mas se sustenta até seu desenlace.
Se isso é erro meu, e assim provado for,
Nunca escrevi, ninguém jamais amou.
______________________________________________________

(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [3ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 24/02/2016. Tonico Pereira e Luana Vieira interpretam o poema Fabulosa jornada ao Rio de Janeiro. autor: Geraldo Carneiro. direção de cena: Bruce Gomlevsky.)

 

FABULOSA JORNADA          (Geraldo Carneiro)
AO RIO DE JANEIRO

(rap-rapsódia exaltação)

 

1. De como eu, Brás Fragoso, vim dar
às terras do Brasil, por ordem de el-rei
Dom Sebastião, o Desejado

Rio-verão, pós Eva e Adão, cheguei:
segundo a lenda, os outros navegantes
que por este cenário navegaram
supunham que aqui fosse foz de um rio,
ou chamava-se “rio” a qualquer angra;
e como o mês talvez fosse janeiro,
chamaram o sítio Rio de Janeiro,
futura foz de tanta fantasia.

eu vim com a armada de Estácio de Sá,
fidalgo, primo do Governador,
para tomar o Rio dos franceses
…………heréticos blasfemos protestantes
…………traficantes da Caesalpinia echinata
……………………………………vulgo pau-brasil
…………o ouro original de nossas matas.

como se não bastasse esse pecado,
ainda faziam com nossas nativas
o mesmo que Jacó fez com Raquel
e Davi praticou com Betsabá.

assim se originou minha odisseia:
eu mal sabia das desaventuras
que mudariam todo o meu futuro,
por força de meus sonhos naufragados;
e embora batizado Brás Fragoso,
aqui meu nome, Brás, virou Brasil,
e o Fragoso tornou-se Naufragoso.
mas pra saber dessa aventura inglória,
há que saber, no entanto, a minha história.

 

2. Breve retrospecto das condições
adversas em que encontrei a terra do
Rio de Janeiro

na baía da Guanabara
não havia como apartar o joio do joio
era tamoio ligado com francês
era francês ligado com tamoio

TUDO DOMINADO

os donos do tráfico os traficantes
todo mundo cantando em coro:

(Entra o funk “Tá tudo dominado”,
com a voz processada pelo DJ, misturando
frases em diversas línguas.)

todos os tamoios nas trapaças
……………………dos franceses
colonizados no Forte Coligny
……………………colignyzados
só quem não fazia parte da tramoia
……………………era Arariboia
ex-cacique exilado em Cabo Frio
……………………agora office-tupinamboy
não podia nem desembarcar em Niterói
você não sabe como é que dói.

 

3. De como encontramos no Brasil um
aliado paranormal, sem o qual nossa
vitória seria impossível

felizmente, além da fé e da razão,
tínhamos do nosso lado um super-herói:
o irmão José de Anchieta.

Anchieta, com o perdão da má palavra,
era um jesuíta carne de pescoço,
conversava com os bichos e com as feras,
chamava urubu de meu brother
e papagaio de meu louro,
e quando não tinha homem branco
……………………urubuzando por perto
Anchieta andava sobre as águas
e de vez em quando voava,
voava sobre a terra e sobre o mar,
nunca deixando um português olhar
porque nós, o pessoal de Portugal,
somos mais burros do que São Tomé:
necessitamos ver para não crer.

Anchieta, não contente em escrever
a primeira gramática da língua tupi,
ainda ensinou os índios a dizer
goodbye, arrivederci, hasta la vista
tudo isso no mais perfeito latim.

e quando alguém era inimigo do império
………………………………./ de Portugal,
Anchieta baixava o pau.

graças a ele e aos seus superpoderes,
superamos as tempestades do verão
& no dia primeiro de Março
desembarcamos cá para fundar
entre o Cara de Cão e o Pão de Açúcar
esse projeto de esplendor à beira-mar:
São Sebastião do Rio de Janeiro.

 

4. De como fizemos o desembarque,
comandados por Estácio de Sá

aqui fincamos nossos estandartes.
e Estácio começou a dizer suas palavras,
“Em nome de el-rei Dom Sebastião”,
etc. e tal,
mas ninguém lhe prestou atenção.
porque vimos, através do olhar de Anchieta,
o espírito de Deus se mover sobre a face
………………………………………………/ das águas.
depois Deus apartando a luz das trevas
depois Deus chamando a luz de Dia
e chamando as trevas de Noite,
e da noite e da manhã fez-se o primeiro dia.

e Deus chamou o firmamento de Céu,
e Deus separou as águas e as terras,
e etc. etc.
e nós, maravilhados, assistindo ao Gênesis
…………no camarote vip na Praia Vermelha.

fomos erguendo a nossa paliçada,
tudo miraculosamente bem,
até que no sexto dia, na hora do descanso,
os tamoios mandaram em cima da gente
uma chuva de flechadas.

Anchieta tentou segurar a rapaziada
dizendo que Deus ia nos proteger,
ia salvar a nossa vida,
mas neguinho já tava careca de levar
………………………………………flecha perdida.

 

5. De como sobrevivi à chuva
de flechadas

um mês depois, o Anchieta se mandou.
e nós aqui, na chuva de flechada,
tomando pau, borduna e cacetada,
comendo o pão que Belzebu amassou.

pensei até em escrever uma epopeia
contando tantos feitos e malfeitos.
mas não achei herói de nenhum lado:
Estácio era um rapaz meio fechado,
e o chefe dos tamoios, Aimberê,
com esse nome, não dava pra escrever.

(Entra uma índia belíssima, com figurino de
Jean-Paul Gautier em versão tropical.)

foi então que encontrei Paraguaçu,
a teteia top model do Baixo Grajaú.
Paraguaçu, falsificada de pai e mãe,
foi trazida aos doze anos do Paraguai,
e aqui, nas praias da Guanabara,
adquiriu a cultura francesa,
conhecia o fleur de rose
o ne me quitte pas
o voulez-vous coucher avec moi.

por obra e graça de Paraguaçu,
eu desisti de ser só português.
e assim me transformei em portugaio,
cruza de português com paraguaio.

 

6. De como fui me adaptando ao
modo de vida da mui leal cidade de
São Sebastião do Rio de Janeiro

e foi assim que eu me tornei mestiço
ou seja, nem isso nem aquilo
imaginei que eu era o poeta Sá de Miranda
só admirando os prodígios do Novo Mundo
fiquei doidão, curtindo a realidade
da mui leal cidade de São Sebastião
só fumando & espiando o movimento
tupinambá de olho na pulseirinha da turista
cunhã na pista oferecendo os balangandãs
tupinambá malhando exibindo o corpão
e eu vendo cada coisa do balacobaco
fumando esse negócio chamado tabaco

achei que tinha chegado ao Paraíso,
pensei em me lembrar de certos versos
que celebravam as graças do universo
mas não lembrei foi xongas, nada não
de tanto que fumei meu baseadão

 

7. De como percebi que as aparências
são enganadoras no Novo Mundo
e desejei sinceramente ter ficado em
Portugal

de repente, acabou-se o que era doce
Paraguaçu, minha deusa paraguaia,
aproximou-se do meu guarda-sol
à sombra das bananeiras em flor e disse:

PARAG.: “Eu queria te comer todinho.”
sorri, sem compreender a ambiguidade
que estava por detrás da fala dela, mas já
escolado na fala local, lhe respondi:

BRÁS: “Não é uma frase muito apropriada
pra uma índia bem-educada, mas eu aprecio
a ideia, tô dentro.”

PARAG.: “Tá dentro é do moquém.”

BRÁS: “Que diabo é moquém? Quem te en-
sinou a falar assim, quem?

PARAG.: “Meus ancestrais, a minha mãe,
a mãe da minha mãe (em francês), mes amis
tupis. Tupãna, Tupã.”

ela então começou a me apalpar.

BRÁS: (gostando) “Não adianta me apalpar,
que eu só gosto mesmo é naquele lugar.”

PARAG.: (sorrindo) “Eu vou ficar só com
as tuas vísceras. Tua cabeça quem vai comer
é Aimberê, depois de te baixar a borduna.
Os curumins vão beber o teu caldinho.”

BRÁS: (com terror) “Paraguaçu, você não pode
fazer uma coisa dessas comigo! Eu sou
teu irmão, teu amásio, teu amigo!”

 

8. De como recorri à Divina Providência,
porque era esta a última providência que 
me restava tomar

eu que ainda era mais ou menos moço
não tinha idade pra virar almoço
filé sem osso alcatra bacalhau
pra um bando de tamoio canibal,
e furibundo dirigi-me aos céus:
“Ora, Senhor, que tanto me maltratas:
Já me trouxestes a este cu do judas,
E, para arrematar, ainda me matas?”

(Ouve-se um estrondo ao fundo.)

então ouviu-se um estrondo de canhão:
chegaram galeões de Portugal!
e eu assisti do morro do Castelo
ao embate o arranca-rabo o xeque-mate
sem saber qual era o bem, qual era o mal.

 

9. De como a minha história chegou ao
juízo final, ou à desgraciosa falta dele

e veio a guerra e veio a destruição
Paraguaçu fugiu com um temiminó
e foi passar o verão em Guarapari
Aimberê, coitado, foi pras cucuias
virou constelação tupinambá
Estácio tomou uma flecha na cara
morreu flechado como nosso padroeiro
São Sebastião do Rio de Janeiro

e vi todas aquelas almas voando
as almas são mais leves do que o ar
se é que há mesmo almas neste mundo
se não as há, talvez haja mais além
onde os pedaços desconexos da vida
onde os pedaços desconexos
onde os pedaços
lá onde a vida se rejubile
e as alegrias passem em desfile
na Marquês de Sapucaí do infinito

só sobrei eu, já meio soçobrado
só eu: a obra e a sobra
todas as minhas nações e encarnações
para sempre aqui
eu era agora carioca
malocado na minha maloca
num muquifo no Cortiço
ou num barraco do Morro da Favela
ex-Brás Fragoso agora apelidado
Brasil Naufragoso
porque minha alma naufragou aqui
aqui fiquei e aqui me edifiquei
e o pior é que gostei
______________________________________________________

(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [3ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 24/02/2016. Geraldo Carneiro recita Quase soneto a quatro mãos, poema escrito originalmente em inglês por João Ubaldo Ribeiro, tradução de Geraldo Carneiro.)

 

(poema escrito originalmente em inglês por: João Ubaldo Ribeiro. tradução: Geraldo Carneiro.)

 

QUASE SONETO A QUATRO MÃOS

 

até a morte eu me atormentarei
pelo que descobri e não encontrei,
pelo que, pascaliano como sou,
eu compreendi e ainda assim maldigo.
sou o idiota mais perfeito, aliás,
por feito mais de carne que de gás.
é esse fado que me leva adiante
num mundo para o qual não sou prestante.
tudo o que tenho as mulheres me deram:
consolação, razão para existir.
benditas, berenices, beneditas,
também sejam benditos meus amigos,
pois gosto deles, tenham longa vida,
e até eu mesmo, que não a mereço,
mas que a observo e sei qual é seu preço.

OCUPAÇÃO POÉTICA — TEATRO CÂNDIDO MENDES (3ª EDIÇÃO) — VÍDEOS: ALICE CAYMMI & DANILO CAYMMI
25 de março de 2016

Ocupação Poética_3ª edição 16

(Alice Caymmi)

Ocupação Poética_3ª edição 17

(Danilo Caymmi)

Ocupação Poética_3ª edição 15

(Danilo & Alice Caymmi)

Alice Caymmi_Aniversário

(No aniversário da Alice, alguns dias atrás)
______________________________________________________

A quem desejar, 5 vídeos da 3ª edição do projeto “Ocupação Poética”, ocorrido no dia 24 de fevereiro (quarta-feira), no teatro Cândido Mendes (Ipanema – RJ), com a participação de um elenco estelar: Geraldo Carneiro, Bruce Gomlevsky, Tonico Pereira, Vitor Thiré, Maria Padilha, Camilla Amado, Luiza Maldonado, Luana Vieira, Danilo Caymmi & Alice Caymmi.

Nos vídeos desta publicação, os versos do grande homenageado da noite, o refinado poeta & dramaturgo, além de querido amigo, Geraldo Carneiro, e um poema-canção do mestre baiano Dorival Caymmi: em 3 vídeos, a cantora & compositora Alice Caymmi recita os poemas “O elogio dos soníferos”, “Conspirações” & “Dissonância”, todos do Geraldo Carneiro. No quarto & último vídeo da artista, ela canta a “Canção da noiva”, do poeta-compositor — seu avô — Dorival Caymmi. No quinto & último vídeo desta postagem, o cantor & compositor Danilo Caymmi, além de falar divertidamente sobre o seu pai no cinema (um verdadeiro “galã russo”), interpreta, juntamente com a Alice, a “Canção do amor rasgado”, nascida da parceria entre o Danilo Caymmi & o Geraldo Carneiro.

Mais vídeos chegarão!

Divirtam-se!

Beijo todos!
Paulo Sabino.
______________________________________________________

(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [3ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 24/02/2016. Alice Caymmi recita O elogio dos soníferos, poema de Geraldo Carneiro.)

 

O ELOGIO DOS SONÍFEROS  (Geraldo Carneiro)

 

soníferos eu lanço contra as feras

que me devoram a solidez do sono.

a solidão em si não me apavora.

os outros são o inferno, o purgatório

e às vezes são também o paraíso.

não sei do inverno que virá ou não

virá, ainda não formei juízo.

aliás, juízo sempre me faltou

e há de faltar, espero, até a morte,

esse capítulo da história natural,

contra o qual não farei rebelião.

amparo metafísico? não tenho.

invejo o céu, a dança das esferas,

morro de inveja do Ptolomeu,

vagando a salvo nas cosmologias

com Deus no centro, o resto ao seu redor.

não tenho centro, cetro ou direção.

a mim só não me falta coração
______________________________________________________

(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [3ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 24/02/2016. Alice Caymmi recita Conspirações, poema de Geraldo Carneiro.)

 

CONSPIRAÇÕES  (Geraldo Carneiro)

 

alguma coisa se desprende do meu corpo

……………………………………………………..e voa

não cabe na moldura do meu céu.

sou náufrago no firmamento.

o vento da poesia me conduz além de mim

o sol me acende

…………………………….estrelas me suportam

Odisseu nos subúrbios da galáxia.

amor é o que me sabe e o que me sobra

outro castelo que naufraga

como tantos que a força do meu sonho

quis transformar em catedrais.

ilusões? ainda me restam duas dúzias.

conspirações de amor, talvez não mais
______________________________________________________

(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [3ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 24/02/2016. Alice Caymmi recita Dissonância, poema de Geraldo Carneiro.)

 

DISSONÂNCIA  (Geraldo Carneiro)

 

depois do dia em que você morreu

(ou só morreu aqui dentro de mim)

enlouqueci, fiquei fora de si,

exorbitei, gastei exorbitâncias,

as ânsias do passado e do futuro.

em suma, eu me matei ou me morri

depois ressuscitei e recitei

meus paradoxos, minhas paralaxes,

perdi a fé, o centro, o astro rei

os para-lamas da minha sintaxe,

só me restando como contraforte

o dom de me entranhar noutras criaturas

e fabricar fragmentos de poesia,

eu kamikaze de mim mesmo

extravagando a esmo à-toa ao léu

sem direção, sem coração, sem lua

desorbitado para além de mim
______________________________________________________

(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [3ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 24/02/2016. Alice Caymmi canta Canção da noiva, poema-canção de Dorival Caymmi.)

 

CANÇÃO DA NOIVA  (Dorival Caymmi)

 

É tão triste ver partir
Alguém que a gente quer
Com tanto amor
E suportar a agonia
De esperar voltar

Viver olhando o céu e o mar
A incerteza a torturar
A gente fica só
Tão só
A gente fica só
Tão só

É triste esperar…
______________________________________________________

(do site: Youtube. áudio extraído do álbum: Caymmi visita Tom. artistas: Tom Jobim / Dorival Caymmi. canção: Canção da noiva. autor: Dorival Caymmi. intérprete: Stella Caymmi. gravadora: Universal Music.)


______________________________________________________

(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [3ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 24/02/2016. Danilo Caymmi & Alice Caymmi cantam Canção do amor rasgado, poema-canção de Danilo Caymmi & Geraldo Carneiro.)

 

CANÇÃO DO AMOR RASGADO  (Geraldo Carneiro)

 

Meu amor, te amo

Quantas mil vezes te amo

Mar que se instalou dentro de mim

Meu amor, te quero

Mesmo quando não te quero

Meu céu é quando estás perto de mim

De tanto sonhar com tuas artes

Me dispersei, não sei de mim

Sim, me descobri

Só conheci a solidão

Antes de ter a luz do teu amor
______________________________________________________

(do site: Youtube. áudio extraído do álbum: Alvear. artista & intérprete: Danilo Caymmi. canção: Canção do amor rasgado. música: Danilo Caymmi. poema: Geraldo Carneiro. gravadora: Biscoito Fino.)

 

OCUPAÇÃO POÉTICA — TEATRO CÂNDIDO MENDES (3ª EDIÇÃO) — VÍDEOS: CAMILLA AMADO, GERALDO CARNEIRO, VITOR THIRÉ & LUIZA MALDONADO
23 de março de 2016

Ocupação Poética_3ª edição 26

(Camilla Amado & Geraldo Carneiro)

Ocupação Poética_3ª edição 18

(Vitor Thiré & Luiza Maldonado)
______________________________________________________

A quem possa interessar, 3 vídeos da 3ª edição do projeto “Ocupação Poética”, ocorrido no dia 24 de fevereiro (quarta-feira), no teatro Cândido Mendes (Ipanema – RJ), com a participação de um elenco estelar: Geraldo Carneiro, Bruce Gomlevsky, Tonico Pereira, Vitor Thiré, Maria Padilha, Camilla Amado, Luiza Maldonado, Luana Vieira, Danilo Caymmi & Alice Caymmi.

Em todos os vídeos desta publicação, textos do grande homenageado da noite, o requintado poeta & dramaturgo, além de querido amigo, Geraldo Carneiro: nos 2 primeiros vídeos, a atriz Camilla Amado, juntamente com Geraldo Carneiro, recita “Miragem em abismo”, “Filosofia” & “O sopro da deusa”. No terceiro & último vídeo, o ator Vitor Thiré & a atriz Luiza Maldonado interpretam um trecho da peça “Romeu e Julieta”, do poeta & dramaturgo inglês William Shakespeare, na tradução do Geraldo Carneiro & sob a direção do ator & diretor Bruce Gomlevsky.

No primeiro vídeo, no vídeo que abre as publicações, notem que falo sobre um imbróglio, com gritos da platéia: o teatro lotou & algumas pessoas, depois de iniciado o espetáculo, não conseguiram entrar — não havia mais assentos disponíveis. No entanto, ao fim de tudo, tudo deu certo & todos se acomodaram.

Mais vídeos chegarão!

Divirtam-se!

Beijo todos!
Paulo Sabino.
______________________________________________________

(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [3ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 24/02/2016. Camilla Amado e Geraldo Carneiro recitam Miragem em abismo e Filosofia, poemas de Geraldo Carneiro.)

 

MIRAGEM EM ABISMO  (Geraldo Carneiro)

 

não sei de que tecido é feito o ser.

meus planos sonhos enganos

se tecem na fábrica da vida

e se destecem na arquitetura do caos.

vou criando edifícios em que me

…………………………………..demoro

e de onde salto em busca de não sei.

meu ser é parte dessa miragem

…………………………………..em abismo

um espelho em que me não vejo

e em me não vendo acendo a chama

que se chama desejo.

 

talvez do outro lado exista um cais.

sei que sempre existe certa distância

…………………………………..entre mim

e o circo da minha circunstância

 

FILOSOFIA  (Geraldo Carneiro)

 

o tempo é uma ficção criada há pouco

…………………………………………………tempo.

será desinventada no futuro

onde as rosas prescindem do jardim.

o tempo do relógio é uma miragem

tão irreal quanto qualquer camelo

passando no buraco de uma agulha.

metáforas são flores do pensamento

pensadas para que se possa pressentir

que o tempo é uma aventura aqui,

…………………………………………………agora

que se eterniza ou sequer agoniza:

se precipita no caos

de onde as naus nunca regressarão

porque haveria sempre um tempo a mais

entre uma nau e a ideia do seu cais.
______________________________________________________

(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [3ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 24/02/2016. Camilla Amado e Geraldo Carneiro recitam O sopro da deusa, poema de Geraldo Carneiro.)

 

O SOPRO DA DEUSA  (Geraldo Carneiro)

 

me deleito no leito da poesia

a deusa que me acolhe com constância.

as outras, conforme a circunstância,

a fome de inventar o vento-amor.

sopro suas velas e ela se revela

em sua precariedade e seu esplendor.

é um rito que repito sem saber

se outra mão ampara a minha mão,

se sou ou se não sou conquistador

dessas conquistas feitas só de éter.

minhas palavras nunca foram minhas,

mas foram me forjando com sua força

até que me tornasse esse não-ser

feito de arquiteturas sem lugar

senão no reino-sonho que fundei.

essas palavras sopram-me presságios

e nelas plantarei os meus naufrágios.
______________________________________________________

(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [3ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 24/02/2016. Vitor Thiré e Luiza Maldonado interpretam um trecho da peça Romeu e Julieta. autor da peça: William Shakespeare. tradução: Geraldo Carneiro. direção de cena: Bruce Gomlevsky.)

 

(trecho da peça: Romeu e Julieta. autor: William Shakespeare. tradução: Geraldo Carneiro.)

 

De     ROMEU E JULIETA

(A cena do balcão: Romeu contempla Julieta à janela, oculto no jardim da mansão dos Capuletos.)

 

— Romeu

Que luz é essa que irrompe na janela?
Será o nascente, e Julieta é o sol?
Levanta, sol, e assim mata essa lua,
Que já está pálida com a dor da inveja
Por seres tão mais bela do que ela.
[…]
É a minha amada, oh sim: é o meu amor.
Quisera ela soubesse o que ela é!
Ela fala, ainda quando não diz nada.
Seu olhar discursa: quero responder.
Sou um atrevido: não é a mim que ela fala.
Duas dentre as estrelas mais bonitas
Que há em todo o céu, por terem outros deveres,
Deixaram esplandecendo os olhos dela
Em suas esferas, até que voltassem.
E se seus olhos estivessem lá,
E elas aqui? O brilho do seu rosto
Causaria vergonha nas estrelas,
Como o brilho do dia faz com as velas,
Seus olhos lá no céu brilhariam tanto
Que até os passarinhos cantariam,
Pensando que não fosse mais noite.
Como ela ampara o rosto sobre a mão!
Ah, se eu fosse essa luva em sua mão,
Se eu pudesse tocar aquele rosto!

— Julieta

Ai de mim!

— Romeu

(à parte, encantado)  Ela fala!
Fala de novo, anjo esplendoroso,
Pois esplandeces tanto nesta noite
Suspenso acima da minha cabeça,
Como se fosse um mensageiro alado
Do céu, diante dos olhos encantados
Dos mortais, que se inclinam pra admirar-te
Quando cavalgas nuvens vagarosas
E sobre o seio do ar vais navegando.

— Julieta

Ó Romeu, Romeu. Por que és Romeu?
Nega teu pai, recusa esse nome;
Senão, é só jurar-me o teu amor,
E eu já não serei uma Capuleto.

— Romeu

(à parte)
Escuto mais, ou devo responder?

— Julieta

É só teu nome que é meu inimigo.
Tu és tu mesmo, não és um Montéquio.
O que é um Montéquio? Não é mão, nem pé,
Nem braço ou rosto, ou qualquer outra parte
Que a alguém pertença. Encarna um outro nome.
O que há num nome? O que chamamos rosa
Com outro nome perde o seu perfume?
[…]
Romeu, despe o teu nome, e em vez do nome,
Que não faz parte do teu ser,
Toma posse completa de mim mesma.

— Romeu

Tomo posse de ti por tua palavra!
Basta que tu me chames meu amor,
E então serei de novo batizado.
De hoje em diante, não serei Romeu.

— Julieta

Quem és que sob a tela desta noite
Assim penetras no meu pensamento?

— Romeu

Por um nome não posso apresentar-me.
Meu nome, minha querida, é detestável
Pra mim mesmo, porque é teu inimigo.
Se eu o tivesse escrito, eu o rasgaria.

— Julieta

Ainda não escutei nem cem palavras
Da tua voz, mas já sei qual é o seu som.
Será que não és Romeu e não és Montéquio?

— Romeu

Nenhum dos dois, se a ti desagradam.

— Julieta

Como chegaste aqui, me diz? Por onde?
Os muros do pomar são muito altos,
Difíceis de escalar, vai ser tua morte,
Se algum parente meu te achar aqui.

— Romeu

Saltei esses muros com as asas do amor.
Não há limites de pedra contra o amor.
E o que o amor não conquista, quando ousa?
Teus parentes não podem me conter.

— Julieta

Se eles te virem aqui, vão te matar.

— Romeu

Tem mais perigo morando em teus olhos
Que em cem de suas espadas. Só me basta
Que me olhes com doçura e isso me guarda
Contra qualquer inimizade deles.

— Julieta

Por nada quero que te vejam aqui.

— Romeu

Tenho o manto da noite que me esconde.
Se não me amares, deixa que me encontrem.
Prefiro que o ódio acabe com a minha vida,
Que a morte adiada, sem o teu amor.

— Julieta

Quem te ensinou a vir a este lugar?

— Romeu

O amor foi quem me fez investigar,
Me aconselhou, e eu lhe emprestei meus olhos.
Não sou navegador, mas se estivesses
Na praia mais distante deste mundo,
Ao vasto mar eu me aventuraria
Para alcançar essa mercadoria.

— Julieta

Sabes que a máscara da noite está em meu rosto,
Senão eu coraria de vergonha
Por teres escutado o que eu falei.
Quisera ter mantido a cerimônia,
Quisera desmentir o que eu já disse.
Mas adeus, compostura! Tu me amas?
Já sei que dirás sim, e aceitarei
Tua palavra. Ainda que, se jurasses,
Podia ser que te mostrasses falso.
Dizem que as falsas juras dos amantes
Fazem Júpiter rir. Gentil Romeu,
Se tu me amas, proclama a tua fé.
Ou, se julgares que sou muito fácil,
Serei malvada e te direi que não,
Para que tenhas que me cortejar.
Senão, belo Montéquio, nem pensar!
Sinceramente, eu estou apaixonada;
Por isso podes me julgar leviana.
Mas acredites que sou mais sincera
Do que essas que simulam mais recato.
Confesso que eu seria mais discreta,
Se não escutasses sobre o meu amor
Sem que eu soubesse. Eu te peço perdão.
Não consideres um amor leviano
Esse que a escura noite assim mostrou.

— Romeu

Senhora, por essa bendita lua
Que enche de prata as copas destas árvores,
Eu juro…

— Julieta

…………..Não, não jures pela lua,
Que muda a cada mês em sua órbita,
Para que teu amor não mude igual.

— Romeu

Então por que é que eu vou jurar?

— Julieta

………………………………………………..Por nada.
Ou se quiseres jura por ti mesmo,
Porque és o deus da minha adoração.
E vou acreditar.

— Romeu

Se o meu amor —

— Julieta

(cortando)
Não jura, não.
Embora eu tenha em ti minha alegria,
Não me alegra essa aliança em meio à noite,
Tão brusca, repentina e tão imprevista,
Como um relâmpago que logo apaga
Antes que alguém proclame a sua luz.
Boa noite, amor. Que o sopro do verão
Transforme esse botão de amor em flor
Quando nos encontrarmos outra vez.
Boa noite, e que tenhamos toda a calma
Tanto em teu coração quanto em minha alma.

— Romeu

Vais me deixar assim insatisfeito?

— Julieta

Mas que satisfação querias hoje?

— Romeu

Que nós trocássemos juras de amor.

— Julieta

Já fiz as minhas, antes que pedisses.
E ainda quero fazê-las outra vez.

— Romeu

Você as retiraria, amor? Por quê?

— Julieta

Só pra ser franca, e fazê-las de novo.
Mas só estou desejando o que já tenho.
A generosidade em mim é um mar:
Meu amor por ti é fundo e é infinito,
Quanto mais dou, mais tenho para dar.
(Julieta ouve o chamado da Ama.)
Ouvi um barulho em casa. Adeus, amor.
[…] Sejas sincero, meu doce Montéquio.
Fica um pouquinho mais, eu volto já.

(Julieta sai)

— Romeu

Ó noite abençoada, tenho medo
Que, por ser noite, seja tudo um sonho
Doce demais para ser verdadeiro.

(Julieta reaparece)

— Julieta

Três palavras, Romeu, depois boa noite.
Se as tuas intenções de amor são sérias,
Se o teu propósito é o casamento,
Manda comunicar-me quando e onde
Pretendes realizar a cerimônia,
Por quem te procurar da minha parte,
Que eu depositarei tudo o que tenho
Aos teus pés, para então seguir contigo
Até o final do mundo, meu senhor.

OCUPAÇÃO POÉTICA — TEATRO CÂNDIDO MENDES (3ª EDIÇÃO) — VÍDEOS: PAULO SABINO & BRUCE GOMLEVSKY
15 de março de 2016

Ocupação Poética_3ª edição 20

(Paulo Sabino)

Ocupação Poética_3ª edição 19

(Bruce Gomlevsky)
______________________________________________________

Aos interessados, 5 vídeos da 3ª edição do projeto “Ocupação Poética”, ocorrido no dia 24 de fevereiro (quarta-feira), no teatro Cândido Mendes (Ipanema – RJ), com a participação de um elenco estelar: Geraldo Carneiro, Bruce Gomlevsky, Tonico Pereira, Vitor Thiré, Maria Padilha, Camilla Amado, Luiza Maldonado, Luana Vieira, Danilo Caymmi & Alice Caymmi.

Em todos os vídeos desta publicação, poemas do grande homenageado da noite, o requintado poeta & querido amigo Geraldo Carneiro: nos 2 primeiros vídeos, este que vos escreve recita “A voz do mar” & “Juízo final”. Ao fim do segundo vídeo, anuncio o próximo convidado: o diretor artístico da noite (juntamente com o Geraldo Carneiro), o ator & diretor Bruce Gomlevsky, que, nos próximos 3 vídeos, recita “Ilíada”, “Como fazer florescer a flor?” & “O elogio das índias ocidentais”.

Mais vídeos chegarão!

Divirtam-se!

Beijo todos!
Paulo Sabino.
_____________________________________________________

(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [3ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 24/02/2016. Paulo Sabino recita A voz do mar, poema de Geraldo Carneiro.)

 

A VOZ DO MAR  (Geraldo Carneiro)

 

na nave língua em que me navego

só me navego eu nave sendo língua

ou me navego em língua, nave e ave.

eu sol me esplendo sendo sonhador

eu esplendor espelho especiaria

eu navegante, o antinavegador

de Moçambiques, Goas, Calecutes,

eu que dobrei o Cabo da Esperança

desinventei o Cabo das Tormentas,

eu que inventei o vento e a Taprobana,

a ilha que só existe na ilusão,

a que não há, talvez Ceilão, sei lá,

só sei que fui e nunca mais voltei

me derramei e me mudei em mar;

só sei que me morri de tanto amar

na aventura das velas caravelas

em todas as saudades de aquém-mar
______________________________________________________

(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [3ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 24/02/2016. Paulo Sabino recita Juízo final, poema de Geraldo Carneiro.)

 

JUÍZO FINAL  (Geraldo Carneiro)

 

amou três ou quatro sereias, sempre

marinheiro de primeiro naufrágio;

jurou em falso, disse meias verdades;

perambulou em busca do sublime,

sem nunca descobrir o Santo Graal;

andou atrás de um deus que fosse cômodo;

como esse deus não se desencantasse,

cantou a lua e outras deusas inconstantes;

refratário às ciências, desconfia

que o Sol gira ao redor da Terra

e o homem é um animal fadado à extravagância;

às vezes sofre acessos de grandeza,

supõe-se demiurgo e pandemônio,

mas o mundo sempre se rebela

contra suas mal fundadas esperanças

e o reduz à sua insigne insignificância.
______________________________________________________

(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [3ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 24/02/2016. Bruce Gomlevsky recita Ilíada, poema de Geraldo Carneiro.)

 

ILÍADA  (Geraldo Carneiro)

 

nunca andei diante dos muros

…………………………………………de Troia

a não ser como parte do pensamento

de Zeus, que jamais dorme.

amei no entanto uma mulher que foi

morar do outro lado do Oceano

por quem chorei uns dois mediterrâneos

embora fosse um choro sem lágrimas.

 

não conheço a alegria do regresso.

meu coração perdeu todas as guerras.

meus navios partiram para nunca.

mas confio que os deuses são benignos

e os meus adeuses formam a cidade

em que ancorei meu barco:

e fico aqui na minha ilha-Ílion

enquanto eles desfilam em triunfo.
______________________________________________________

(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [3ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 24/02/2016. Bruce Gomlevsky recita Como fazer florescer a flor?, poema de Geraldo Carneiro.)

 

COMO FAZER FLORESCER A FLOR?  (Geraldo Carneiro)

 

casar ou não casar, esta é a questão,

é assim aqui ou no Cazaquistão,

que eu chamaria de Casarquistão,

ou, se você quiser, Quiserquistão;

o que está fora de questão é amar-te,

mesmo que fosse em Vênus ou em Marte;

mas, se eu pudesse escolher, acredite,

escolheria o reino de Afrodite,

não sei se por qualquer superstição

vinda, sei lá, de algum Seilaquistão,

ou por amor de outras mitolorgias,

dos orixás da Grécia ou da Bahia;

não que lá em Marte fosse amar-te menos:

mas eu preferiria amar-te em Vênus

_____________________________________________________________________

(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [3ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 24/02/2016. Bruce Gomlevsky recita O elogio das índias ocidentais, poema de Geraldo Carneiro.)

 

O ELOGIO DAS ÍNDIAS OCIDENTAIS  (Geraldo Carneiro)

 

ó cunhãs, ó indiazinhas em flor

quisera ser o vosso Pero Vaz

cronista das vergonhas saradinhas

naufragar nestas Índias do Ocidente

cheio de fantasias orientais

ser vosso fauno sem après-midi

cevado (ai de mim) a aipim e cauim

até me converter num querubim

e, numa patuscada bem pagã,

(Cubanacan ao fundo no atabaque),

oferecer o corpo em holocausto

para sentir, com a graça de Tupã,

os vossos dentes me mascando a carne

nhaque     nhaque     nhaque

OCUPAÇÃO POÉTICA — TEATRO CÂNDIDO MENDES (3ª EDIÇÃO) — FOTOS & VÍDEO DE ABERTURA
1 de março de 2016

Ocupação Poética_3ª edição 09

(Casa lotada na 3ª edição deste projeto)

Ocupação Poética_3ª edição 02

Ocupação Poética_3ª edição 03

Ocupação Poética_3ª edição 24

(Os participantes desta 3ª edição do projeto: Vitor Thiré, Luiza Maldonado, Danilo Caymmi, Paulo Sabino, Geraldo Carneiro, Camilla Amado, Maria Padilha, Alice Caymmi, Luana Vieira, Bruce Gomlevsky & Tonico Pereira)

Ocupação Poética_3ª edição 20

(Paulo Sabino: lendo poemas & o “MC” — Mestre de Cerimônias — da noite)

Ocupação Poética_3ª edição 19

(O ator & diretor Bruce Gomlevsky)

Ocupação Poética_3ª edição 26

(A atriz Camilla Amado & o homenageado da noite, Geraldo Carneiro)

Ocupação Poética_3ª edição 18

(O ator Vitor Thiré & a atriz Luiza Maldonado em trecho de “Romeu e Julieta”, de Shakespeare, tradução de Geraldo Carneiro)

Ocupação Poética_3ª edição 15

(Danilo & Alice Caymmi em dueto de canção nascida da parceria entre Danilo Caymmi & Geraldo Carneiro)

Ocupação Poética_3ª edição 21

(A atriz Maria Padilha interpretando sonetos de Shakespeare na tradução de Geraldo Carneiro)

Ocupação Poética_3ª edição 22

Ocupação Poética_3ª edição 12

(O mestre Tonico Pereira & a atriz Luana Vieira na encenação do poema épico “Fabulosa jornada ao Rio de Janeiro”, recém-lançado em livro por Geraldo Carneiro)

Ocupação Poética_3ª edição 04

(Com os grandes & queridos Tonico Pereira & Maria Padilha)

Ocupação Poética_3ª edição 07

(Com os diretores artísticos da noite: Bruce Gomlevsky & Geraldo Carneiro)

Ocupação Poética_3ª edição 05

Ocupação Poética_3ª edição 06

(Com o grande homenageado da noite, o poeta, tradutor & dramaturgo Geraldo Carneiro)

Ocupação Poética_3ª edição 29

(Ao final de tudo, no camarim, Fernandinha Oliveira & Adil Tiscatti, os administradores do teatro Cândido Mendes, e nossos amigos que ajudaram a lotar a sala nesta 3ª edição)
______________________________________________________

“Querido Paulo,

Foi uma noite adorável.

Agradeço a você, pela delicadeza, pela compreensão da poesia, pela pluri-competência.

Saiba que você ganhou pelo menos um amigo, talvez muitos outros.

Espero que tenhamos outras oportunidades de saborear noites tão felizes.

Obrigado por tudo e grande abraço,
Geraldo”.

(Geraldo Carneiro)

 

“Foi lindo Paulo Sabino…Tonico Pereira e Geraldinho mais que brilharam… a jovem que contracenou com Tonico também esteve maravilhosa… parabéns para todos pq tudo estava perfeito.

Ah, me esqueci do Danilo… ele é realmente o máximo.”

(Guilherme Zarvos — poeta & fundador do CEP 20.000)

 

“UMA POESIA ENCANTANTE

poesia culta perfumada por tiradas de amor & humor. bem colocada como uma flor na primavera: lírica & prosaica. poesia que surpreende como um drible de Garrincha. nem moderna nem pós: poesia sem nós pra nós que nos faz vestir cada palavra dita e nos impulsiona ao aplauso e ao bem-estar da surpresa inebriante que só a boa poesia causa. poesia charmosa e manhosa de Geraldo Carneiro.

o teatro Cândido Mendes se encheu de gente para o recital ‘Ocupação Póetica’, um sarau organizado por Paulo Sabino, que ganhou um novo e surpreendente formato com vários convidados interpretando poemas do homenageado. seu estilo saboreado em várias e diferentes vozes. entre os convidados, as atrizes Maria Padilha, o cantor Danilo Caymmi e sua filha Alice Caymmi, além do fantástico ator Tonico Pereira que, só de cuecão vermelho, interpretou um texto bufo macunaímico do poeta intitulado ‘Fabulosa jornada ao Rio de Janeiro’.

uma noite onde a deusa Poesia ganhou um novo status e falou mais alto.

tiramos o chapéu.”

(Luis Turiba — poeta & fundador da revista BRIC-A-BRAC)

 

 

 

Queridos,

Nem sei como iniciar… talvez eu só tenha mesmo que agradecer, agradecer, agradecer & agradecer imensamente, tudo o que a Poesia, minha Musa Eterna, minha Amante Maior, tem trazido à minha vida.

A 3ª edição do projeto “Ocupação Poética”, no teatro Cândido Mendes (Ipanema), como eu pressentia, foi linda, esplendorosa, um desbunde!

Como é de costume quando vivo intensamente um momento regado a rimas & versos, no dia seguinte ao evento eu era — e ainda sou! — o puro sumo do amor, no dia seguinte ao evento eu era — e ainda sou! — amor da cabeça aos pés!

Casa lotada, público quente, participantes pra lá de talentosos & especiais, comemorando os 40 anos de produção literária do grande poeta, tradutor & dramaturgo — hoje também um grande & querido amigo meu — Geraldo Carneiro!

Eu só sei de uma coisa: quanto mais melhor! A idéia é de que a “Ocupação Poética”, no teatro Cândido Mendes (Ipanema), aconteça bimestralmente!

Fernandinha Oliveira, Adil Tiscatti, Rafael Roesler Millon, Geraldinho Carneiro, Bruce Gomlevsky, Tonico Pereira, Vitor Thiré, Maria Padilha, Camilla Amado, Luiza Maldonado, Luana Vieira, Danilo & Alice Caymmi, amigos que foram assistir, público de modo geral, obrigadíssimo por tudo, por toda a beleza que ficou impressa na minha memória & no meu coração.

Temos vídeos das apresentações! Irei, com mais calma & tempo, disponibilizando aos interessados.

Aqui, o vídeo & o poema de abertura desta 3ª edição do projeto & mais um outro poema, que complementa o lido por mim.

Viva a Poesia! Viva a “Ocupação Poética”! Vida longa ao projeto!

Valeu!

Beijo todos!
Paulo Sabino.
______________________________________________________

(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [3ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 24/02/2016. Abertura desta ediçãoPaulo Sabino recita Madrigal triste, poema de Geraldo Carneiro.)

 

MADRIGAL TRISTE  (Geraldo Carneiro)

eu sou como o rei de um país ensolarado
e todos os vadios me devem vassalagem
assim como as mariposas, as sereias
& os moluscos da beira-mar
aos 25 anos decaptei
o busto de meu avô ex-monarca
e inaugurei uma nova ordem natural
aboli por decreto a realidade
e abdiquei também de certas pompas

a preguiça infame
jamais me permitiu demarcar
os limites de meu reino
digamos então que confino
a Leste com o Oceano Atlântico
ao Sul com o Paraíso
a Oeste com as ficções selvagens
de José de Alencar
e ao Norte com minha morte

tudo isso não me basta
(ai de mim) queria mesmo era colher
o grito pleno da tua alma cheia de tormentos

(maiores informações em Madrigal Triste,
de Charles Baudelaire)
______________________________________________________

(do livro: Poesia e prosa — volume único. autor: Charles Baudelaire. poema extraído originalmente do livro: As flores do mal. tradução de “As flores do mal”: Ivan Junqueira. editora: Nova Aguilar.)

 

 

MADRIGAL TRISTE

 

1

Que me importa que saibas tanto?
Sê bela e taciturna! As dores
À face emprestam certo encanto,
Como à campina o rio em pranto;
A tempestade apraz às flores.

Eu te amo mais quando a alegria
Te foge ao rosto acabrunhado;
Quando a alma tens em agonia,
Quando o presente em ti desafia
A hedionda nuvem do passado.

Eu te amo quando em teu olhar
O pranto escorre como sangue;
Ou quando, a mão a te embalar,
A tua angústia ouço aflorar
Como um espasmo quase exangue.

Aspiro, volúpia divina,
Hino profundo e delicioso!
A dor que o teu seio lancina
E que, quando o olhar te ilumina,
Teu coração enche de gozo!

2

Sei que o teu peito, que palpita
À sombra de amores passados,
Qual uma forja ainda crepita,
E que a garganta enfim te habita
Algo do orgulho dos danados;

Mas enquanto, amor, no que sonhas
Do Inferno a imagem não for dada,
E dessas visões tão medonhas,
Em meio a gládios e peçonhas,
De pólvora e ferro animada,

Sempre de todos te escondendo,
Denunciando em tudo a desgraça
E à hora fatal estremecendo,
Não houveres sentido o horrendo
Aperto do asco que te abraça,

Não poderás, rainha e escrava,
Que apenas me amas com pavor,
Nos abismos que a noite escava,
Dizer-me, a voz trêmula e cava:
“Sou tua igual, ó meu Senhor!”

OCUPAÇÃO POÉTICA — TEATRO CÂNDIDO MENDES (3ª EDIÇÃO) — O TIME COMPLETO
17 de fevereiro de 2016

(Aqui, o elenco completo desta 3ª edição do projeto “Ocupação Poética”, coordenado por este que vos escreve.)

Geraldo-Carneiro

(Geraldo Carneiro)

Maria Padilha

(Maria Padilha)

Camila Amado

(Camila Amado)

Foto Atriz

(Danilo Caymmi)

Alice Caymmi

(Alice Caymmi)

Tonico Pereira

(Tonico Pereira)

Bruce Gomlevsky

(Bruce Gomlevsky)

Vitor Thiré

(Vitor Thiré)

 

Luiza Maldonado

(Luiza Maldonado)

Luana Vieira

(Luana Vieira)
______________________________________________________

(A atriz Yasmin Gomlevsky, que participaria desta edição, não mais poderá participar & foi substituída pela atriz Luiza Maldonado.)
______________________________________________________

Anotem na agenda, espalhem a notícia, compartilhem esta publicação!

Dia 24 DE FEVEREIRO (quarta-feira), às 20H: a 3ª edição do projeto OCUPAÇÃO POÉTICA, coordenado por ESTE QUE VOS ESCREVE, no teatro CÂNDIDO MENDES (Ipanema – Rio de Janeiro), com leituras dos poemas & das traduções do poeta, letrista, tradutor & dramaturgo GERALDO CARNEIRO.

Além do poeta, a noite contará com participações para lá de ESPECIAIS:

– da atriz MARIA PADILHA;
– da atriz CAMILA AMADO;
– da atriz LUIZA MALDONADO;
– da atriz LUANA VIEIRA;
– do ator TONICO PEREIRA;
– do ator & diretor BRUCE GOMLEVSKY;
– do ator VITOR THIRÉ;
– do cantor & compositor DANILO CAYMMI;
– da cantora & compositora ALICE CAYMMI.

Junto às leituras de poemas, serão encenados um trecho de ROMEU E JULIETA, de WILLIAM SHAKESPEARE, na tradução de GERALDO CARNEIRO, e o poema-épico FABULOSA JORNADA AO RIO DE JANEIRO, publicado na recém-lançada antologia poética SUBÚRBIOS DA GALÁXIA, que comemora os 40 anos de produção literária do poeta homenageado.

 

SERVIÇO

Ocupação Poética – Teatro Cândido Mendes

Coordenação: PAULO SABINO

Direção artística: GERALDO CARNEIRO, BRUCE GOMLEVSKY

Quarta-feira (24/02)

Participantes: BRUCE GOMLEVSKY, PAULO SABINO, MARIA PADILHA, CAMILA AMADO, LUIZA MALDONADO, LUANA VIEIRA, TONICO PEREIRA, VITOR THIRÉ, DANILO CAYMMI, ALICE CAYMMI

Horário: 20h
Entrada: R$ 40,00 (inteira) / R$ 20,00 (meia)
Vendas antecipadas na bilheteria do teatro a partir do dia 17/02
End.: Joana Angélica, 63 – Ipanema, Rio de Janeiro. Tel.: (21) 2523-3663.

______________________________________________________

(do livro: Subúrbios da galáxia — antologia poética. autor: Geraldo Carneiro. editora: Nova Fronteira.)

 

 

BALADA DO IMPOSTOR

 

sou um impostor, um dia saberão
que simulei tudo o que sempre fui.
sou uma ficção, meu sangue é só linguagem
meu sopro é uma explosão que vem de dentro
em forma de palavra.
quando já não for mais, serei eu mesmo.
enquanto tardo, trapaceio contra o tempo,
a máquina que vai me devorando,
e vou passando como tudo passa
em busca de uma graça que ultrapasse
o círculo da minha circunstância
o espelho que não seja senão o outro
esse que me habita e que me espreita
e, não sendo eu, me acata os meus espantos

OCUPAÇÃO POÉTICA — TEATRO CÂNDIDO MENDES (3ª EDIÇÃO) — 1ª CHAMADA
16 de fevereiro de 2016

Geraldo-Carneiro

(Geraldo Carneiro)

Maria Padilha

(Maria Padilha)

Camila Amado

(Camila Amado)

Foto Atriz

(Danilo Caymmi)

Alice Caymmi

(Alice Caymmi)

Tonico Pereira

(Tonico Pereira)

Bruce Gomlevsky

(Bruce Gomlevsky)
______________________________________________________

(Acima, os nomes confirmados para a 3ª edição do projeto “Ocupação Poética”, coordenado por este que vos escreve. Além dos confirmados, há nomes a confirmar — por isso esta é a 1ª chamada.)
______________________________________________________

Anotem na agenda, espalhem a notícia, compartilhem esta publicação!

Dia 24 DE FEVEREIRO (quarta-feira), às 20H: a 3ª edição do projeto OCUPAÇÃO POÉTICA, coordenado por ESTE QUE VOS ESCREVE, no teatro CÂNDIDO MENDES (Ipanema – Rio de Janeiro), com leituras dos poemas & das traduções do poeta, letrista, tradutor & dramaturgo GERALDO CARNEIRO.

Além do poeta, a noite contará com participações para lá de ESPECIAIS:

– da atriz MARIA PADILHA;
– da atriz CAMILA AMADO;
– do ator & diretor BRUCE GOMLEVSKY;
– do cantor & compositor DANILO CAYMMI;
– da cantora & compositora ALICE CAYMMI.

O destaque da noite fica para o ator TONICO PEREIRA, que, dirigido pelo ator & diretor BRUCE GOMLEVSKY, interpretará o poema-épico FABULOSA JORNADA AO RIO DE JANEIRO, poema publicado na recém-lançada antologia poética SUBÚRBIOS DA GALÁXIA, que comemora os 40 anos de produção literária do Geraldo Carneiro.

 

SERVIÇO

Ocupação Poética – Teatro Cândido Mendes

Coordenação: PAULO SABINO

Quarta-feira (24/02)

Participantes: GERALDO CARNEIRO, PAULO SABINO, MARIA PADILHA, CAMILA AMADO, DANILO CAYMMI, ALICE CAYMMI, BRUCE GOMLEVSKY, TONICO PEREIRA (entre outros)

Horário: 20h
Entrada: R$ 40,00 (inteira) / R$ 20,00 (meia)
Vendas antecipadas na bilheteria do teatro a partir do dia 17/02
End.: Joana Angélica, 63 – Ipanema, Rio de Janeiro. Tel.: (21) 2523-3663.

______________________________________________________

(do livro: Subúrbios da galáxia — antologia poética. autor: Geraldo Carneiro. editora: Nova Fronteira.)

 

 

SOBRE A NATUREZA

 

nunca soube me tornar civilizado,
faço no máximo as simulações.
sou selvagem na selva do meu peito
a chama que se chama coração:
me parto e me arremesso contra o céu
contrário a qualquer força que me oprima.
sou meu sistema-sol e girassol.
só não me basto em matéria de amor
a esfera-céu que sempre me pretendo.
meu desconcerto é parte de meu ser.
renuncio à arte de apartar da vida
tudo que não lhe pertença.
não sei quem diz por mim a minha fala
mas sua voz é semelhante à minha
e às vezes nela até me reconheço
como a lua girando no seu curso